GUERRA INVISÍVEL
As pessoas percebem a gravidade da situação econômica do Brasil. As lideranças políticas apresentam propostas diferentes (algumas populistas e perigosas), o que gera um clima de indefinição quanto ao futuro.
Mesmo diante de tantos fatos negativos atualmente, alguns jornalistas insistem em 'na necessidade de demonstrar algum otimismo, algo como 'quando o Brasil voltaria a crescer'... talvez no final de 2016..." (a observação em si se contrapõe com o próprio desejo de otimismo).
Na Previdência Social, as lideranças governistas alteram as regras para que os trabalhadores trabalhem por mais anos e, assim, adiem ao máximo as aposentadorias. Isso num ano em que existem quase 8 milhões de pessoas procurando emprego no país (de acordo com o IBGE).
Ainda existe a tal “guerra invisível” no mercado mundial. Ou seja, aquela guerra em que as máquinas (computadores, os robôs e assim por diante) ocupam os lugares dos seres humanos na produção.
Um velho marxista chamaria a atenção para saber quem estaria por trás das máquinas. Certo. Aqueles que pertencem aos 10% da população que acumulam a maior parte dos bens materiais.
O complicado, porém, é sentir na pele os efeitos deste processo. O indivíduo pode até manter o seu emprego, mas não consegue abandonar a sensação de que poderá ser descartado do mercado a qualquer momento. De fato, existem muitas profissões que ainda “serão destruídas pelas máquinas.”*
Não existe lugar seguro. Na verdade, a questão seria qual trabalho não poderia ser realizado por uma máquina. Por exemplo, “as escolas já estão experimentando softwares que substituem os professores no ensino.”*
Esse é um dilema antigo no capitalismo. Antes do século XIX, os trabalhadores chegavam a perseguir os inventores como se eles fossem os verdadeiros responsáveis pelo desemprego.
Contudo, a situação atual parece ser pior:
“[As máquinas estão] matando os empregos (...) por séculos. Mas desta vez é diferente: quase metade dos empregos nos Estados Unidos hoje pode ser automatizada em ‘uma ou duas décadas’.”*
Metade da população de um país corre o risco de ficar desempregada. Chamam isso de “progresso”. O problema, porém, é outro: qual será o destino destas pessoas?
“O fato de alguns setores terem sido salvos de automação nas últimas três décadas, claro, não garante que eles estarão seguros no futuro. (...) Existe uma grande ansiedade em saber quais empregos estarão na próxima linha de automação. A verdade é mais do que assustadora. Nós realmente não temos a menor ideia [do que acontecerá com os empregos].”*
O que acontece nos Estados Unidos não é uma exceção. Trata-se de um modelo econômico global que atinge, de uma maneira ou de outra, cada país.
No caso brasileiro, além do desemprego citado anteriormente, existe o aumento da criminalidade. De acordo com a GloboNews (03-06-2015), os dados de uma pesquisa revelaram que houve um crescimento de 74% em relação à população carcerária (entre 2005 e 2012). A maior parte das ações estava relacionada aos crimes contra o patrimônio e ao comércio das drogas, o que pode indicar um problema social associado às ações violentas.
De fato, não seria possível dissociar a automação, a destruição das profissões e do desemprego (estrutural) do aumento da criminalidade. Pode não existir (necessariamente) uma relação direta em tais problemáticas, mas não dá para negar que ocorre (em algum nível) algum tipo de associação entre elas. Na verdade, esse debate pode ajudar a compreender o que acontece com as milhares de pessoas que são vítimas do processo de automação.
© profelipe ™ 03-06-2015
(*) Derek Thompson. Here Are The 47% Of Jobs At High Risk Of Being Destroyed By Robots. Business Insider, Jan. 24, 2014. http://www.businessinsider.com/robots-overtaking-american-jobs-2014-1
As pessoas percebem a gravidade da situação econômica do Brasil. As lideranças políticas apresentam propostas diferentes (algumas populistas e perigosas), o que gera um clima de indefinição quanto ao futuro.
Mesmo diante de tantos fatos negativos atualmente, alguns jornalistas insistem em 'na necessidade de demonstrar algum otimismo, algo como 'quando o Brasil voltaria a crescer'... talvez no final de 2016..." (a observação em si se contrapõe com o próprio desejo de otimismo).
Na Previdência Social, as lideranças governistas alteram as regras para que os trabalhadores trabalhem por mais anos e, assim, adiem ao máximo as aposentadorias. Isso num ano em que existem quase 8 milhões de pessoas procurando emprego no país (de acordo com o IBGE).
Ainda existe a tal “guerra invisível” no mercado mundial. Ou seja, aquela guerra em que as máquinas (computadores, os robôs e assim por diante) ocupam os lugares dos seres humanos na produção.
Um velho marxista chamaria a atenção para saber quem estaria por trás das máquinas. Certo. Aqueles que pertencem aos 10% da população que acumulam a maior parte dos bens materiais.
O complicado, porém, é sentir na pele os efeitos deste processo. O indivíduo pode até manter o seu emprego, mas não consegue abandonar a sensação de que poderá ser descartado do mercado a qualquer momento. De fato, existem muitas profissões que ainda “serão destruídas pelas máquinas.”*
Não existe lugar seguro. Na verdade, a questão seria qual trabalho não poderia ser realizado por uma máquina. Por exemplo, “as escolas já estão experimentando softwares que substituem os professores no ensino.”*
Esse é um dilema antigo no capitalismo. Antes do século XIX, os trabalhadores chegavam a perseguir os inventores como se eles fossem os verdadeiros responsáveis pelo desemprego.
Contudo, a situação atual parece ser pior:
“[As máquinas estão] matando os empregos (...) por séculos. Mas desta vez é diferente: quase metade dos empregos nos Estados Unidos hoje pode ser automatizada em ‘uma ou duas décadas’.”*
Metade da população de um país corre o risco de ficar desempregada. Chamam isso de “progresso”. O problema, porém, é outro: qual será o destino destas pessoas?
“O fato de alguns setores terem sido salvos de automação nas últimas três décadas, claro, não garante que eles estarão seguros no futuro. (...) Existe uma grande ansiedade em saber quais empregos estarão na próxima linha de automação. A verdade é mais do que assustadora. Nós realmente não temos a menor ideia [do que acontecerá com os empregos].”*
O que acontece nos Estados Unidos não é uma exceção. Trata-se de um modelo econômico global que atinge, de uma maneira ou de outra, cada país.
No caso brasileiro, além do desemprego citado anteriormente, existe o aumento da criminalidade. De acordo com a GloboNews (03-06-2015), os dados de uma pesquisa revelaram que houve um crescimento de 74% em relação à população carcerária (entre 2005 e 2012). A maior parte das ações estava relacionada aos crimes contra o patrimônio e ao comércio das drogas, o que pode indicar um problema social associado às ações violentas.
De fato, não seria possível dissociar a automação, a destruição das profissões e do desemprego (estrutural) do aumento da criminalidade. Pode não existir (necessariamente) uma relação direta em tais problemáticas, mas não dá para negar que ocorre (em algum nível) algum tipo de associação entre elas. Na verdade, esse debate pode ajudar a compreender o que acontece com as milhares de pessoas que são vítimas do processo de automação.
© profelipe ™ 03-06-2015
(*) Derek Thompson. Here Are The 47% Of Jobs At High Risk Of Being Destroyed By Robots. Business Insider, Jan. 24, 2014. http://www.businessinsider.com/robots-overtaking-american-jobs-2014-1